quarta-feira, 18 de julho de 2007

A lista 3054!!!

Essa madrugada eu fiquei em claro, prestando um auxílio ao meu amigo, profissional jornalista. Definimos aqui em meu quarto, o ponto em CWB de coleta de informações da rádio Gaúcha, portal Estadão e ClicRBS.

Meu quarto virou uma central de informações, de última hora. Nunca viajei tanto em minha vida. A cada clic eu estava em São Paulo, Porto Alegre e em Brasília. Estava engajado e “trabalhando” para que a velocidade da informação fosse a mais rápida possível. A rádio Gaúcha, por volta das 19:00 horas, cancelou sua grade original e se lançou pura e inteiramente a esse desastre nacional de forma profissional, primorosa e respeitosa. "Trabalhei" até por volta das 03:45 da manhã pois minha missão já estava cumprida, como informa meu amigo, agradecendo a gentileza da grande ajuda "profissional"(eu não quero NENHUMA remuneração desse auxílio, mas ele não concorda com isso).

O que eu tiro de resumo são dois fatos:

A DOR:

Eu reconheço minha frieza com relação a esses fatos, independente da magnitude do desastre. Não sei se é uma virtude ou defeito pois eu tenho apenas 25 anos. Mas senti a mesma dor em minha alma quando o meu pai faleceu em 1992. Essa dor iniciou-se no momento em que a rádio Gaúcha anunciou, por volta da 01:30 da madrugada, baixa por baixa, uma lista com 186 pessoas mortas carbonizadas. Logo após esse anúncio, o repórter no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre retratava o desespero dos familiares quando os nomes eram informados. Pensei que jamais ia sentir essa dor novamente, quanto mais iniciada por causa de desconhecidos, pessoas que eu nunca vi. Dentre a dor de ser carbonizado a quase 1000 graus celsius e a dor da alma, jamais conseguirei descrever qual é pior.

CONSEQUÊNCIAS, CULPADOS E O ÓBVIO:

Estou ainda acompanhando os profissionais da rádio Gaúcha, aqui de Curitiba mesmo, sobre o caso JJ3054. Neste momento há uma coletiva com o presidente da TAM Linhas Aéreas confirmando o que já está provado: De que a aeronave está rigorosamente em dia com todos os procedimentos de manutenção exigidos, de que os pilotos agiram de forma correta. Não há como escapar e cobrar, de forma aguda e enérgica, explicações e AÇÕES do governo federal e profissionais da área. Não me interessa se o problema já veio da gestão FHC ou o "raio que o parta". A idéia de mascarar os aeroportos com reformas faraônicas e ignorando a parte técnica de todo o setor aéreo nacional foi uma falha burra e irresponsável. A corrupção, a mentalidade e o povo brasileiro reflete os dois acidentes fatais com os vôos 1907 e o 3054. Já publiquei anteriormente que os fariseus de Brasília NÃO SABEM COMO RESOLVER O PROBLEMA iniciando uma CPI para apurar quem é o culpado. Já começou errado.

E a culminação de todos os erros, as corrupções, irresponsabilidades, falta de profissionalismo e falta de respeito para com as vaquinhas de presépio (nós brasileiros) é o descontrole da atrocidade ocorrida ontem por volta das 19:00 no aeroporto de Congonhas no dia 17 de julho de 2007.

A verdade é essa mesma: Os homens de Brasília não sabem o que fazer e o que falar porque até agora não ouve um pronunciamento oficial deles. Somente dos líderes da TAM confirmando o óbvio. De que a falha é estrutural e técnica referente a defasagem dos aeroportos brasileiros.

Eu me irrito com os defeitos das pessoas: Desonestidade, falta de consideração, desrespeito, porque sempre gosto das coisas sejam feitas de acordo com o que eu combino ou acordo com o próximo, e no mínimo espero esse respeito devolta.

Minha irritação passou os limites da razão, porque essa última madrugada eu senti a dor de quem se foi, de que ficou órfão, viúvo, viúva depois daquela lista anunciada nome por nome.

Que dor horrível, estranha. Me dominou, me arrasou e a desustrutura emocional é claríssima nesse momento. Espero que as pessoas saibam disso e me tratem com o mínimo de honestidade.

A lista dos passageiros do vôo JJ3054 aqui.

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